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sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Escolher agir com amor e aceitação


O texto abaixo fala de homofobia e da necessidade de diálogo entre as comunidades muçulmana e LGBTQA. Propõe, nesse sentido, uma abordagem humanista e inclusiva, que, em nossa opinião, é o verdadeiro espírito islâmico.

Escolher agir com amor e aceitação

Sumaira Mian

Muçulmanos podem ser parceiros da comunidade LGBTQ? Quando faço essa pergunta, geralmente me deparo com três tipos de respostas.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Aquele que é semelhante ao Mensageiro de Allah


O texto abaixo traz uma passagem da vida de Hussein ibn Ali ibn Abu Talib, onde o imam prevê o martírio de seu filho Ali al-Akbar e a tragédia de Karbala. O jovem Ali era considerado o mais parecido com o bisavô Muhammad. Segundo Al-Khazraji ("A revolução do Imam Al-Hussein", editora Arresala), Ali era "a imagem do Profeta", de modo que o povo dizia que "quando sentíamos saudades do Profeta olhávamos para ele".

Interessante notar que o tema do nosso post anterior, sonhos, também aparece aqui. Acerca do antipático costume de proibição de não-muçulmanos nas mesquitas, logo no início do texto, há que registrar que é objeto de controvérsia, variando conforme o lugar, a época e escola de jurisprudência adotada (como é explicado aqui).

Um certo dia um cristão ingressou na Mesquita do Mensageiro de Allah e o povo exclamou: "Ei, você! Você não tem permissão para entrar na Mesquita do Mensageiro de Allah, porque é cristão. Então saia."

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Elogio do sono


Os atos de dormir e sonhar sempre tiveram forte carga simbólica. A perda, por algumas horas, do contato consciente com o mundo exterior decerto assombrava o homem primitivo. É sintomático que entre os gregos Hypnos, o deus do sono, seja irmão de Tánatos, deus da morte. Um dos filhos de Hypnos é Morfeu, que por sua vez é deus dos sonhos, daí o nome do opiáceo morfina. A associação entre morte e sono aparece de forma poeticamente bela no texto corânico:

Ele é Quem vos recolhe, durante o sono, e vos reanima durante o dia, bem sabendo o que fazeis, a fim de que se cumpra o período prefixado (6: 60)

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Considerações sobre magia


J. L. Tejo
editor do blog

Como definir magia? Aleister Crowley, em seu Livro 4 (Liber ABA), se referindo a seu sistema como Magick (diferenciando-o da vulgarizada expressão "magic"), a define como a "ciência da vida". Por sua vez, em seu "Dogma e Ritual de Alta Magia" o ocultista francês Eliphas Lévi a distingue como sendo "a ciência tradicional dos segredos da natureza", e delimita dois campos: "O mago dispõe de uma força que conhece, o feiticeiro procura abusar do que ignora".

Tal delimitação nos parece importante. Toda e qualquer ferramenta -seja corpórea, literalmente falando, ou incorpórea (o conhecimento, o saber, a técnica)- pode possuir um bom ou mau uso conforme o utilizador. Determinada substância pode ser medicamentosa ou venenosa, a depender da forma como é ministrada. O mal não está, portanto, na substância ou na ferramenta, mas naquele que lhe opera. Ser mago ou ser feiticeiro, na distinção de Lévi, diz respeito ao conhecimento que temos sobre a ferramenta e à forma como vamos utilizá-la.

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Deus, conceito em evolução


O texto abaixo é na linha de um agnosticismo muçulmano, onde, sem deixar de reconhecer a possibilidade de existência da divindade e sua interação com a existência (portanto um agnosticismo teísta), rejeita as concepções tradicionais e antropomorfizadas de Deus. Assim, ao invés da "certeza" arrogante do fundamentalista, apregoa a humildade da dúvida e a aceitação de nossas limitações humanas para compreender o divino.

Deus, conceito em evolução

Hassan Radwan

Um dos meus ahadith favoritos é o qudsi que diz:

Eu sou o que Meu servo acredita que Eu seja.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

O mito da homogeneidade muçulmana


O texto abaixo é da ativista e escritora Tithi Bhattacharya, e trata da pluralidade histórica do Islã. Ao contrário do que querem fazer crer os fundamentalistas, a autora destaca que a cultura islâmica é tradicionalmente diversificada e heterogênea.

O mito da homogeneidade muçulmana

Tithi Bhattacharya

Conforme o debate presidencial nos EUA avança, alguém poderia ser levado a acreditar que há uma iminente ameaça de que os muçulmanos tomem o poder.

De acordo com a NPR (National Public Radio), em um comício em New Hampshire Donald Trump defendeu sua proposta de proibir os muçulmanos de ingressarem no país, alegando que "há alguma coisa errada" com os muçulmanos e "sua cultura".

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Hussein, ou o martírio como ato de amor


Reproduzimos abaixo um pequeno trecho da obra Reason, Faith and Revolution, do militante e intelectual marxista inglês Terry Eagleton. Fala sobre o ato de martírio e o quão se difere da morte banal e destrutiva dos terroristas. Após o texto, há um vídeo do clérigo iraquiano radicado no Canadá, Usama al-Atar, performando Every day is Ashura, every land is Karbala. A imagem que ilustra o post é Sacrifice Karbala, e foi extraída aqui.

É o nosso tributo a Hussein ibn Ali ibn Abu Talib, a paz seja com ele e com toda a Casa Profética, na Ashura deste ano de 1438 a.H.

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Dançar é preciso, viver não é preciso


(publicado originariamente
no Platitudes Banais)

O clérigo xiita kuwaitiano Yasser Habib, à pergunta (*) se é ilícito cantar ou tocar música:

Cantar e tocar música é uma armadilha de Satã, através da qual ele tem acesso à alma e ao coração do indivíduo e o leva à concupiscência, motivo pelo qual devem ser proibidos.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

O futuro do Iraque pós-Sistani


O texto abaixo faz conjeturas acerca da inevitavelmente próxima -haja vista a idade avançada do clérigo- sucessão de al-Sistani, o maior expoente religioso iraquiano. Trata, ainda, da disputa (de claros contornos geopolíticos) entre o xiismo iraquiano e o iraniano, bem como do interesse deste último em obter primazia no país vizinho.

O Iraque pós-Sistani, o Irã e o futuro do Islã xiita

Hayder al-Khoei

Durante uma recente viagem à minha cidade natal, Najaf, no sul do Iraque, eu me deparei com um livro intitulado "Meu líder Khamenei" na biblioteca pessoal de um clérigo, estudante do seminário islâmico (Hawza 'Ilmiyya Najaf). Ele havia pego esse livro em uma livraria próxima ao santuário do Imam Ali, onde o primeiro imam xiita está enterrado. É um destino popular entre os peregrinos muçulmanos- especialmente xiitas- do mundo inteiro.

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Considerações sobre o wudu


J. L. Tejo
editor do blog

Algumas reflexões sobre wudu (ou abdesto, do persa), a ablução ritualística performada, por exemplo, antes das orações. A prática possui previsão corânica:

Ó crentes, sempre que vos dispuserdes a observar a oração, lavai o rosto, as mãos e os antebraços até aos cotovelos; esfregai a cabeça, com as mãos molhadas e lavai os pés, até aos tornozelos. E, quando estiverdes polutos, higienizai-vos; porém, se estiverdes enfermos ou em viagem, ou se vierdes de lugar escuso ou tiverdes tocado as mulheres, sem encontrardes água, servi-vos do tayamum com terra limpa, e esfregai com ela os vossos rostos e mãos. Allah não deseja impor-vos carga alguma; porém, se quer purificar-vos e agraciar-vos, é para que Lhe agradeçais. (5:6) (1)

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Nossa identidade em constante mudança


A matéria abaixo é sobre a médica, escritora e ativista egípcia Nawal el-Saadawi, nos marcos de sua participação no festival Africa Writes que se deu em julho deste ano, no Reino Unido. A veterana tem sofrido perseguição, prisão e ameaças ao longo da vida, em razão de sua militância.

"Todos temos sangue misturado, e quanto mais misturado, melhor"

Com uma carreira de meio século e mais de 60 obras publicadas no campo da ficção e não-ficção, Nawal el-Saadawi é hoje uma das figuras mais proeminentes na África e no mundo árabe.

Ao longo de décadas, os livros desta egípcia de 84 anos têm desafiado o status quo das estruturas patriarcais, religiosas e capitalistas. E a escritora ganhou reputação internacional como uma corajosa ativista que questiona os detentores do poder, apesar dos perigos decorrentes disso.

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Quando a religião é o próprio amor


Trazemos agora mais Jalal ad-Din Rumi. O poema abaixo é uma versão nossa a partir da versão em inglês de Shahram Shiva, e foi originariamente publicado em outro de nossos blogs em agosto de 2013 (aqui).

Quando a religião é o próprio amor

Jalal ad-Din Rumi

Saiba: o verdadeiro Amante
não tem religião.
Não há crença ou descrença,
já que a religião é o próprio Amor.

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Amar a beleza é pecado, diz meu inimigo


Traduzimos agora um poema de Imad ad-Din Nasimi, nascido no atual Azerbaijão em meados do século XIV e executado por heresia pelas autoridades da época, por ser adepto da doutrina sufi do hurufismo. A forma da morte foi brutal: o poeta místico teria sido esfolado vivo. Em algumas fontes, Nasimi (ou Nesimi; não confundir com Kul Nesimi, poeta otomano do século XVII) recebe o título de Sayyd, o que indica que seria descendente do Profeta Muhammad.

A nossa versão foi feita com base na tradução para língua inglesa de Latif Bolat and Jennifer Ferraro, e foi extraída aqui, onde se pode ver também a versão em turco.

E daí?

Imad ad-Din Nasimi

Eu vesti o manto da vergonha
e a honra e a virtude despedacei em uma pedra.
     E daí?

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Por que não quero um Estado "islâmico"


O texto abaixo é da jornalista e ativista política Rasha Awad, que vive às voltas com a censura do governo do Sudão, e trata da importância da laicidade contra as distorções dos Estados ditos "islâmicos".

Por que não quero um Estado "islâmico"

Rasha Awad

Estou ciente de que o mero título acima é suficiente para que tribunais inquisitoriais desembainhem suas espadas e para que sejam emitidas fatwas me declarando uma infiel, ou para que sejam proferidos apelos e sermões para que eu me arrependa- alguns bem-intencionados, outros aparentemente religiosos mas na verdade abrigando manobras políticas.

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Seguir ritos não é suficiente


Trazemos abaixo outra matéria sobre o clérigo xiita iraquiano al-Qabbanji, de quem já falamos aqui. Ao final do post, há vídeo com entrevista legendada em inglês.

O clérigo liberal proscrito do Iraque

"Rezar, jejuar e vestir um véu são apenas ritos. Essas coisas não bastam para garantir um lugar no Paraíso. Para consegui-lo, é preciso fé verdadeira e um comportamento correto".

Tal declaração pode soar sábia e iluminada para muitos. Mas, no Iraque, onde ela foi proferida na tevê local Al Hurriya em 2010, causou furor entre os conservadores. Não foi a primeira vez em que o clérigo Ahmad al-Qabbanji ficou em maus lençois por causa de sua interpretação liberal e humanista do Islã.

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

O Soberano


Al Malik, o Soberano. A divindade como a Regedora Absoluta do Universo. Tempo e Espaço se sujeitam: "eis que Ele é Allah; não há mais divindade além d'Ele, Soberano, Augusto, Pacífico, Salvador, Zeloso, Poderoso, Compulsor, Supremo! Glorificado seja Allah por tudo quanto (Lhe) associam!" (59:23, Hayek), "tudo quanto existe nos céus e na terra glorifica Allah, o Soberano, o Augusto, o Poderoso, o Prudentíssimo" (62:01, idem). Conforme a "Fatiha" (1:4), Maliki Yawmi ad-Deen, Soberano, Mestre, do Dia do Juízo.

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Através da eternidade


Segue abaixo versão nossa para poema de Rumi, retirado do Divan de Shams. O poema pode ser encontrado aqui em inglês e aqui em espanhol, em versão estendida. O giro sufi que ilustra o post é "Whirling Dervishes", pela artista polonesa Jolanta Shiloni, e foi extraído aqui.

Através da eternidade

Jalal ad-Din Rumi

Através da eternidade,
em meio ao nada,
o rosto dele
a beleza desvela:
com um espelho diante de si
contempla-se embevecido.

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Não se pode vencer com sectarismo


Abaixo, com vídeo, estão excertos de entrevista concedida pelo clérigo xiita e político iraquiano Ayad Jamal al-Din à tevê iraquiana Al Iraqiya em outubro de 2014. Apesar de não compartilharmos de sua condescendência para com a entidade sionista "Israel", conforme expressou em outras entrevistas, consideramos muito importante sua abordagem liberal e a defesa do Estado laico.

Ayad Jamal al-Din: ISIS é apenas a ponta do iceberg. ISIS tem apoio. É um de muitos grupos. Está baseado em determinada ideologia, em determinada interpretação da religião, e em determinada fiqh [jurisprudência]. Infelizmente, o que aconteceu com os yazidis e outros no norte do Iraque está previsto na fiqh tanto de sunitas quanto de xiitas. A menos que sejamos cautelosos no uso da fiqh...

sábado, 16 de julho de 2016

O que é o Corão?


O texto abaixo traz uma abordagem racionalista do Corão, considerando o teor do Livro não como ditado diretamente pela divindade, mas sim como sendo produto de interpretação humana sobre a revelação original, escrito, compilado e organizado ao longo de décadas. É semelhante à posição, dentre outros, do professor alemão Leo Pollmann, que "no trato interpretativo do Alcorão [considera] esse livro em amplo sentido uma obra literária de Maomé [Muhammad], guiado por revelações, e que ele é seu autor" ("O que contém realmente o Alcorão?", trad. Enio Paulo Giachini, Loyola).

O que é o Corão?

Said Nachid

Há um erro comum que precisa ser corrigido: quando falamos de Corão, confundimos três fenômenos que diferem em forma e conteúdo. Em verdade, pode ser que tal erro não seja superficial, mas sim um dos mais duradouros com os quais os estudos corânicos têm lidado -os mais racionalistas inclusive-, com resultados sempre favoráveis ao pensamento fundamentalista salafista.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Mas não um estranho aos nossos olhos


Segue abaixo nossa tradução, em versos livres, para poesia de Nouri Sardar. O tema é Ali ibn Musa al-Ridha [Reza], (765-818 [?]), 8º imam do xiismo duodecimal. A reiterada insistência na palavra "estranho", no poema, é alusão ao período vivido pelo imam em Messhed [Mashhad, Mexed], em Khorasan, no Irã oriental, para onde foi levado de Medina por ordem do califa abássida Al-Ma'mun (também citado nos versos), daí ser conhecido como "O Estranho [Estrangeiro] de Khorasan". A imagem que ilustra o post é "Imam Reza" por "shia_ali", no sítio DeviantArt.

Mas não um estranho aos nossos olhos

Nouri Sardar

Outrora separado daqueles que ama,
hoje, rei de milhões de corações.
Se o pesar abate alguém,
conte a ele de Ali al-Ridha.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Um Ramadã diferente (ou, o cultivo é o de amor)


O texto abaixo narra um episódio na comunidade muçulmana LGBTQ norte-americana. Traduzimos e publicamos como tributo do blog ao Ramadã deste ano de 1437 a.H, na busca por um mundo de respeito e inclusão.

A imagem que ilustra o post é o "Ramadã dos pobres" (1938), pelo azerbaijano Azim Azimzade (1880-1943), agraciado com o título honorário de "Artista do Povo" pelo governo comunista soviético.

Um Ramadã diferente

Lamya H

Eu retornei do banheiro e ela estava folheando meu Corão.

sábado, 25 de junho de 2016

A liberdade fortalece a fé


A matéria abaixo traz opiniões do clérigo xiita iraquiano Ahmad al-Qabbanji, conhecido por sua visão liberal. A base da religião, conforme o clérigo -e opinião com a qual concordamos- é a fé em Deus e o amor aos demais, estando todo o resto em segundo lugar. Al-Qabbanji chegou a ser detidos pelas autoridade iranianas (fonte aqui), e posteriormente banido, em razão de suas posições progressistas.

A liberdade torna a fé mais forte, afirma clérigo

Abu Dhaib [capital dos Emirados Árabes Unidos]- Buscar a criação de Estados islâmicos fundamentalistas é uma postura equivocada, explicou um filósofo e clérigo muçulmano, na medida em que a fé não pode existir sem liberdade, e tal tipo de Estado tende a impor crenças e práticas.

terça-feira, 24 de maio de 2016

Teu coração e o meu


Versão nossa para poema atribuído a Hafiz de Shiraz (século XIV), a partir desta versão em inglês. A imagem que ilustra o post é da capa do "Divan" de Hafiz, edição iraniana de 1994.

Teu coração e o meu

Hafiz Shirazi

O medo é o aposento mais barato da casa.
Gostaria que vivesses
em melhores condições:

sexta-feira, 20 de maio de 2016

O Sutil


Meditemos agora na Divindade enquanto Al Latif, o Sutilíssimo. Nem tudo é ribombar, estrondo e magnitudes cósmicas; o milagre se revela aqui mesmo, de forma tênue, pequenino, muitas vezes despercebido. Há supernovas em meio às estrelas, mas há também o bater de asas da borboleta. E as formigas? Também integram a Criação (dão nome à 27ª surata) e nada Lhe escapa, "nem mesmo algo do peso de um átomo" (34: 03, v. Hayek). O intricado universo das partículas e da física subatômica, aliás, é fascinante mesmo aos olhos do indivíduo mais insensível.

sexta-feira, 13 de maio de 2016

O Versículo da Luz (Ayat an-Nur)


Publicamos agora a recitação, pelo grupo andaluz de música sufi Al Kauthar, do versículo (ayat) 35 da 24ª sura, "An Nur" (A Luz), conhecido como o "Versículo da Luz". A imagem retratada no versículo é altamente poética e dá margem a diversas interpretações esotéricas.

Segue abaixo a recitação. Logo após o vídeo, está a tradução para a língua portuguesa feita pelo professor Samir el-Hayek.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Eles me dizem para não amaldiçoar Yazid


O pequeno texto abaixo é atribuído ao professor Sayed Ammar Nakshawani. O tema é o perdão e a misericórdia infinita da divindade -Ar-Rahman, Ar-Rahim, o Clemente, o Misericordioso- e também sobre a prática da lanah [la'nah], ou seja, a maldição imprecada contra inimigos. É prudente que não a façamos: tudo que vai, volta, caso imerecido. Mas se o amaldiçoado pode ser beneficiário de perdão, também o seria o amaldiçoador.

terça-feira, 5 de abril de 2016

Se Deus é encontrado através das abluções...


Trazemos abaixo outra versão nossa para versos de Bulleh Shah, sobre o qual falamos em outro post. É baseada na tradução inglesa de Fuad Usman Khan, extraída aqui.

Como na poesia anterior, também aqui há uma irreverente crítica à manifestação religiosa meramente formal, isto é, exotérica; quando prende-se mais à forma do que ao conteúdo. Por pura que seja a água da ablução (wudu), pode lavar um coração mal intencionado? Assim seguimos nos enganando, acreditando que a mera ritualística exterior seja suficiente.

quinta-feira, 31 de março de 2016

Reabrir as portas da interpretação


Como a vida é uma criação constante (Iqbal), o regramento dessa vida não pode estar, por sua vez, estagnado. Em termos islâmicos, acreditamos, como Taha (conforme vimos aqui), que a perfeição da Sharia consiste precisamente em sua capacidade de evoluir. Esse processo de recriação se perde, contudo, quando é declarado que a atividade racional de interpretação da lei está concluída, nada mais havendo a fazer senão repisar o já estabelecido.

Nos dois pequenos fragmentos abaixo (por acaso, ambos autores franceses), o fim do ciclo crítico é considerado como uma das causas da eventual decadência científica do mundo islâmico.

terça-feira, 22 de março de 2016

Atentado do Daesh na Bélgica


Reproduzimos abaixo a nota emitida pelo Centro Cultural Imam Hussein (aqui), acerca do recente atentado reivindicado pelo Daesh ocorrido na Bélgica neste dia 22 (informações, aqui).

Nós do blog Oceano da Paz nos solidarizamos com as famílias das vítimas e repudiamos tal tipo de ataque, que viola regras islâmicas e humanitárias. Achamos oportuno, ainda, denunciar o papel do imperialismo, cuja opressão sobre os países periféricos ajuda a engrossar o caldo do extremismo, além de se aproveitar desse mesmo extremismo conforme sua conveniência.

Condenamos e Repudiamos o Terrorismo do Estado Islâmico (DAESH) na Bélgica e no mundo

sexta-feira, 18 de março de 2016

A relatividade do tempo no Corão


O texto abaixo aborda um tema caro à física moderna: a relatividade e suas implicações no tempo, e como a ideia já aparece, séculos antes dos atuais avanços científicos, no texto corânico. Os trechos do Livro reproduzidos no texto são da tradução do professor Samir el-Hayek. A imagem que escolhemos para ilustrar o post foi extraída aqui.

Milagres do Corão: a relatividade do tempo

Atualmente a relatividade do tempo é um fato científico comprovado. Foi descoberta pela teoria da relatividade de Einstein nos primeiros anos do século XX. Até esse momento as pessoas não tinham conhecimento de que o tempo era um conceito relativo, e que poderia mudar conforme as condições em volta. Einstein, esse famoso cientista, demonstrou publicamente com a teoria da relatividade que o tempo depende da massa e da velocidade. Na história da Humanidade nada havia anteriormente expressado esse fato com clareza. Com uma exceção: o Corão trazia informações sobre o caráter relativo do tempo. Alguns versículos sobre o tema afirmam:

segunda-feira, 7 de março de 2016

Ditos sobre Fátima al-Zahra


O texto abaixo é sobre Fátima bint Muhammad al-Zahra [Senhora da Luz, a Resplandecente], e reúne falas da tradição profética sobre ela e outras mulheres notáveis na tradição islâmica. Fátima, a paz seja com ela, tem uma importância singular: filha do Profeta, esposa de Ali e mãe de Hassan e Hussein, sendo um exemplo cuja inspiração nos chega até hoje.

"Com Fátima como modelo, nós aprendemos a combater a injustiça e a opressão. Nós nos voltamos para os outros. Tornamo-nos ativamente envolvidos nas mazelas sociais porque ela, como ela era, é nosso símbolo, nosso modelo, nossa heroína" (Laleh Bakhtiar).

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

O fendimento (al-Infitar)


A presente sura é marcada por um forte tom escatológico: o cataclismo cósmico e o destino da alma humana se encontrando no mesmo momento, o Dia do Juízo. O vídeo a seguir, com recitação de al-Afasy, possui legendas em árabe (transliterado inclusive) e francês. Abaixo, vai a versão para o português do professor el-Hayek.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Noções jurídicas e o "Tratado dos Direitos" do imam al-Sajjad


O documento a seguir versa sobre Direito -definição do fenômeno jurídico, regramento social através do Corão, escolas islâmicas (madhhabs) de jurisprudência- e sobre a clássica obra de Ali ibn Hussein, o "Tratado dos Direitos" (Risalat al-Huquq), que apesar de não abordar comandos propriamente jurídicos traz regras morais de conduta cuja observância indiscutivelmente faria deste mundo um lugar menos "litigioso".

A gravura que escolhemos para ilustrar o post é de "Uma Aula de Corão" de Numa Marzocchi de Bellucci (1846–1930). Clique na imagem abaixo para acessar o arquivo "Noções jurídicas e o 'Tratado dos Direitos' do imam al-Sajjad" em PDF. O texto-apêndice citado ao final, de Taha, é este.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Iranianos marcham pedindo a libertação do sheikh Zakzaky


Segue abaixo um informe acerca da recente manifestação popular em Mashad, no Irã, nos marcos do aniversário da Revolução Islâmica, pedindo a libertação do sheikh nigeriano Ibrahim Zakzaky. Conforme narrado neste post, a comunidade xiita em Zaria, Nigéria, foi violentamente atacada pelo governo do país em dezembro do ano passado, em um massacre que vitimou centenas de pessoas, e desde então o clérigo se encontra preso pelas forças governamentais em local incerto.

Milhares de manifestantes pedem "Liberdade para Zakzaky" em Mashad, Irã, durante o 37º aniversário da Revolução Islâmica

Milhares de iranianos aproveitaram as comemorações do aniversário da Revolução Islâmica nesta quinta, 11 de fevereiro de 2016, para expressar seu apoio ao líder do país, Ali Khamenei, e também para condenar EUA e Israel pelo massacre em Zaria e conclamar o governo nigeriano a libertar imediatamente o sheikh Ibrahim Zakzaky, do Movimento Islâmico da Nigéria.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

O imam al-Sadiq responde aos racistas


O episódio narrado a seguir tem como personagem Jafar ibn Muhammad al-Sadiq [o Verdadeiro] (702-762), 6º imam da Casa Profética -a paz seja com eles- e fundador da escola jafari de jurisprudência. O tema é o racismo: diante do odioso crime de discriminação do outro por não possuir a mesma aparência ou tom de pele, o imam lembra que todos os homens são iguais, e que seu traço distintivo é sua virtude.

Al-Sadiq (a paz seja com ele) é figura relevantíssima para o xiismo. Como diz Bruce Lawrence ("O Corão: uma biografia", Zahar, trad. Maria Luiza Borges): "A condição de imame funda-se na linhagem, mas depende também do caráter. Ja'far é conhecido como as-Sadiq ou o Verdadeiro porque foi sua dedicação à verdade que fez dele o mais importante dos imames xiitas depois de Ali e do filho caçula deste, o mártir Hussein".

domingo, 24 de janeiro de 2016

Al-Madad, Ya Rasul Allah!


A performance a seguir é do grupo marroquino-canadense Burdah Ensemble, e traz uma bela homenagem ao Profeta Muhammad -a paz e as bençãos de Deus sobre ele e toda a Casa Profética-, na melhor tradição da poesia sufi. Neste link, está a letra em árabe. Abaixo, em português, a nossa versão a partir das legendas em inglês no vídeo.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Reflexões sobre a lei islâmica


O texto abaixo é da intelectual salvadorenha Laura Guzmán. Traz opiniões sobre a Sharia e o integrismo (definido por Garaudy como "a pretensão de possuir a verdade absoluta"). A imagem que ilustra o post é um detalhe de "Interior of a school in Cairo" por John Frederick Lewis (1804-1876), podendo ser vista na íntegra aqui.

Três reflexões sobre a lei islâmica

Laura Guzmán

O Islã é uma palavra que encerra muitos conceitos: a tranquilidade e a boa convivência, o bem-estar corporal e espiritual, a salvação da matéria e do espírito. Todos esses consistem em conceitos e aspectos da existência humana no processo de busca pela perfeição ao longo da vida.

sábado, 9 de janeiro de 2016

Como uma máscara para mistérios


O trecho a seguir é de "Os místicos do Islã", de Reynold Nicholson, na tradução de Julia Vidili (Madras Editora, 2003). A obra, de 1914, pode ser lida em inglês aqui, e tem como tema o sufismo.

O fragmento que reproduzimos abaixo fala da ambiguidade na poesia sufi. A imagem que ilustra o post é o muezzin e sua chamada para a oração (adhan, azan), pelo francês Jean-Léon Gérôme (1866).

Quem quer que conheça, mesmo que pouco, a poesia mística do Islã deve ter notado que a aspiração da alma a Deus é expressa, via de regra, quase nos mesmos termos que poderiam ter sido usados por um Anacreonte ou Herrick oriental. A semelhança, de fato, é frequentemente tanta que, a menos que tenhamos alguma pista sobre a intenção do poeta, ficamos em dúvida quanto ao significado.

sábado, 2 de janeiro de 2016

Sheikh al-Nimr martirizado pela reacionária monarquia saudita


Reproduzimos abaixo a nota do Centro Cultural Imam Hussein (aqui) acerca do anúncio neste sábado (02/ 01/ 15) do martírio do sheikh al-Nimr, condenado à morte pelas autoridades sauditas por seu papel de oposição ao regime. Neste link, há mais informações a respeito. Nós do blog Oceano da Paz expressamos nossa solidariedade à comunidade xiita internacional e nossa oposição à monarquia absolutista que dirige a Arábia Saudita, país que é o lar ideológico do salafismo wahhabista.

É com profunda tristeza que anunciamos o assassinato do proeminente clérigo xiita Sheikh Nimr al-Nimr Baqe pela ditadura do Reinado Saudita.

A ditadura mostra com essa execução o nível máximo de intolerância e opressão contra aqueles que questionam o desequilíbrio social instaurado naquele país.

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