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quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Uma experiência pessoal


Publicamos abaixo o relato do nosso camarada e irmão Irineu, da linha sunita, acerca de sua busca espiritual. Como é dito no texto, trata-se de um processo pessoal e íntimo, variando de indivíduo a indivíduo- e, por isso mesmo, não é possível a ninguém se arvorar em "dono da verdade" ou detentor "exclusivo" da razão.

Espiritualidade e Religião, uma experiência pessoal

al-Hajj Irineu "Yahia" Dourado

Querem saber quando eu realmente comecei a conceber a possibilidade de acreditar na existência de um Poder Superior ou de um Deus Amantíssimo, Generoso, Clemente e Misericordioso?

sábado, 4 de novembro de 2017

Por dentro de uma escola sufi iraquiana


Trazemos agora um texto sobre uma escola naqshbandi do Iraque. Neste link, aqui no blog, há uma performance por devotos canadenses dessa linhagem sufi.

Por dentro de uma escola sufi iraquiana

Honar Hama Rasheed

Um menino magro de 10 anos atravessa o pátio da escola de educação religiosa onde ele estuda há um mês. O garoto, Mirin Mohammed, veio do distrito de Darbandikhan, sudeste da cidade de Sulaymaniyah, na região semi-autônoma do Curdistão iraquiano. Foi matriculado lá porque seu pai quer que seja um clérigo no futuro, mas no momento o garoto está apenas faminto e tenta espiar a cozinha para saber qual será a próxima refeição.

sábado, 30 de setembro de 2017

Em lembrança de Hussein


Publiquei a sequência abaixo em meu perfil no Facebook, ao longo dos dez primeiros dias de Muharram do ano passado (2016 [1438 aH]), em lembrança do martírio de Hussein e seus companheiros em Karbala. Reproduzo agora, no Oceano da Paz, nos marcos da Ashura deste ano de 2017.

A imagem que ilustra o post é "Noite de Ashura" pelo iraniano Mahmoud Farshchian. A frase "Todo dia..." é de Ali Shariati.

***

"Todo dia é Ashura, toda terra é Karbala" (1).

Hussein ibn Ali ibn Abu Talib não poderia prestar juramento a um governo ilegítimo. O Califado, profundamente degenerado, se convertera em uma perversão do Islã original. O que é venerável não é o nome, o título ou o cargo, mas a obra. 3/10/16

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

O respeito à diferença no Corão


O texto a seguir trata da diversidade existente na natureza, cuja constatação -presente no texto corânico- nos leva necessariamente ao cuidado com o meio ambiente e ao respeito ao próximo (contra todos os racismos ou pretensões de superioridade sobre os demais), com foco, em especial, na igualdade entre homem e mulher.

O respeito à diferença no Corão

Ahmad Jalil

Uma criação diversificada

Al-Lah (O Uno) criou o universo (do latim universus, tudo que existe) e o fez diversificado já desde a unidade: "Kun fayakūn!" ("Seja!, e é") [nota do blog: a expressão aparece por exemplo em 2:117, trad. Hayek: "(...) quando decreta algo, basta-Lhe dizer: "Seja!" e ele é"]. Essa diversidade contribui para a beleza e harmonia do cosmos (do grego cosmo-ous, ordem). As diversas criaturas, sejam animais ou plantas, com sua vida e morte trazem equilíbrio para os ecossistemas. Os quatro elementos, opostos em sua natureza (terra, ar, água e fogo) formam a "unidade diversificada" da qual o ser humano é colocado como Califa, representante, responsável por toda essa bela diversidade. Al-Lah fez deste mundo o lar de todas as criaturas e, dentre elas, o ser humano, chamado a ser um Califa justo e amoroso para com todos os demais seres, do mais minúsculo ao maior de todos. Essa diversidade é admirável e comovente. É o sinal mais evidente de Al-Lah e o livro cuja leitura (observação) está repleta de mensagens para aqueles capazes de compreender. Diante dela o ser humano observa, reflete, se maravilha e se rende:

sábado, 15 de julho de 2017

A mística que escandaliza os ortodoxos


O fragmento abaixo, sobre o sufismo, é do acadêmico holandês Peter Robert Demant (não confundir com o escritor russo Peter Demant). A imagem que ilustra o post é o santuário do mestre sufi Abdul Qadir al-Gilani (1078-1166), em Bagdá, Iraque.

O sufismo
Peter R. Demant

A ortodoxia que hoje em dia constitui a versão normativa do islã conquistou tal posição gradualmente, mediante lutas, muitas vezes radicais, contra o que originalmente era uma religião mais pluralista.  Ao longo de sua história, o islã desenvolveu uma variedade de estilos religiosos que constituíam opções para os fiéis. Uma dessas era o misticismo movido pelo “amor a Deus”, o qual, carregado de influências monásticas cristãs e gnósticas, buscava a reunião da alma com o Criador. A ênfase do islã na distância entre Deus e suas criaturas (associada à ausência de tendências ascéticas) não parecia predispô-lo à meditação. Contudo, havia sempre indivíduos a quem uma religião primariamente ritual e social não satisfazia. Tentativas para estabelecer um laço mais íntimo e individual com Deus apareceram desde o século VIII. Místicos desenvolveram uma gama de técnicas espirituais para alcançar a experiência da proximidade e da união com Ele (a mais conhecida é o dhikr, lembrança, que consiste na repetição dos nomes divinos para alcançar  um estado de êxtase).

sexta-feira, 16 de junho de 2017

Fundamentalismo e integrismo


O texto abaixo, conforme o link original, foi extraído da edição espanhola do livro de ensaios "A Passo de Caranguejo", do italiano Umberto Eco (1932-2016). Trata de conceitos como fundamentalismo, integrismo e intolerância e de suas diferenças e similaridades. A imagem que ilustra o post é uma marcha de apoiadores do "Estado Islâmico" (Daesh) em Mosul, Iraque, em junho de 2014.

Fundamentalismo e integrismo

Umberto Eco

Nas últimas semanas tem se falado muito sobre o fundamentalismo islâmico, de modo que se esquece que há também um fundamentalismo cristão, especialmente nos Estados Unidos. Dirão então que os fundamentalistas cristãos fazem programas de televisão aos domingos, enquanto os fundamentalistas islâmicos derrubam as Torres Gêmeas- portanto devemos nos preocupar é com esses últimos.

sexta-feira, 9 de junho de 2017

A pessoa por trás do rótulo


Trazemos abaixo mais um texto do blog "Agnostic Muslim Khutbahs". É sobre os perigos dos rótulos e preconceitos. A imagem do post é Nasrudin, citado no texto, em gravura turca do século XVII.

O que importa é a pessoa por trás do rótulo

Hassan Radwan

"Deus não olha para suas formas ou aparência exterior, mas sim para seus corações e ações" (no Sahih al-Muslim).

Esse hádice enfatiza que não são as manifestações exteriores de uma pessoa, ou como é rotulada, que importam para Deus, e sim aquilo que está dentro dela- a pessoa por trás do rótulo. Não importa se alguém se identifica como muçulmano, cristão, judeu, hindu, ateu ou agnóstico. Da mesma forma, Deus não está preocupado com raça, nacionalidade, gênero ou sexualidade. Deus olha para além de todas essas coisas. Olha diretamente para seu coração, sua alma, seu caráter e suas ações.

sexta-feira, 2 de junho de 2017

A misericórdia prevalece sobre a ira


Os três hádices abaixo, extraídos do mesmo repositório, têm como tema a misericórdia divina. Ressalta-se aqui o atributo de Deus como Ar-Rahman, Ar-Rahim (O Clemente, o Misericordioso).

A imagem que ilustra o post é do inglês Joseph Austin Benwell (1816-1886), e neste link há curiosidades e versões da mesma.

sábado, 27 de maio de 2017

Existimos e somos fortes


A matéria abaixo foi publicada em fevereiro deste ano, e tem como personagens muçulmanas LGBTTQI e suas vidas sob a administração de Donald Trump nos EUA. Sua autora é a ativista Samra Habib, idealizadora do projeto fotográfico "Just me and Allah: a Queer Muslim Photo Project", que busca dar visibilidade a lésbicas e gays dentro da comunidade muçulmana. As fotos são do texto original e retratam as entrevistadas.

A imagem que ilustra o post, "Watercolor Muslim Women", é de Rasirote Buakeeree, e foi extraída aqui.

Mulher, muçulmana e lésbica: "Existimos e somos fortes"

Samra Habib

Tem sido difícil ser muçulmano na última semana. Enquanto norte-americanos de todos os credos e religiões protestavam pelo país contra o decreto de Trump que vetou a entrada de cidadãos de sete países de maioria muçulmana, vieram as notícias de um atentado a tiros em uma mesquita em Quebec.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Educar é dar exemplo, não exigir obediência


Vai abaixo uma bela história de respeito e tolerância. Fonte ao final.

Educar é dar exemplo, não exigir obediência

Zain Rizvi

"Você quer apanhar, Jafar?", rosnou o professor da nossa madrassa [escola], agitando sobre a cabeça uma régua de quase um metro de comprimento.

"Não, senhor", respondeu o aluno assustado.

"Então pare de falar e comece a ler", grunhiu o Lorde Sith de salwar [roupa típica no continente asiático].

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

A busca segue incompleta


Publicamos abaixo nossa versão para um poema de Hamza Shinwari (1907-1994), poeta paquistanês da etnia Pashto [Pachto, Pashtun]. Na fonte indicada ao final há o poema no original e em inglês. O tema, conforme interpretamos, é a busca constante através do tempo; uma jornada repleta de dificuldades e riscos, mas o paraíso (jannah) está no horizonte.

Aproveitamos o ensejo para fazer uma observação. Os poemas que temos publicado aqui no Oceano da Paz são, em regra, versões de versões, ou seja, trazemos os versos para o português a partir das traduções em inglês ou espanhol do original (seja árabe, urdu etc.). Nesse processo, trabalhamos estilisticamente as palavras, suprimimos ou sintetizamos outras, adaptamos ou modernizamos algumas expressões. Tentamos preservar o espírito daquilo que entendemos como tendo sido a intenção do poeta, mas não podemos garantir o rigor. Portanto, tenha o leitor em mente que o poema abaixo -assim como os demais, como dito- são mais poemas reconstruídos do que meramente traduzidos. Diz o bordão, "Traduttore, traditore" ("Tradutor, traidor"). Se nenhuma tradução é exata, que dirá a tradução da tradução- ainda mais em termos de poesia.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Por uma democracia religiosa


Publicamos agora o trecho de uma entrevista concedida em 2010 pelo intelectual iraniano Abdolkarim Soroush, tendo como tema o secularismo. Crítico do regime teocrático do Irã, Soroush defende um Estado laico onde as diversas religiões possam coexistir. A íntegra da entrevista, com outras opiniões do pensador, pode ser lida através do link indicado no final do post.

Secularismo político versus secularismo filosófico

Pergunta: Dr. Soroush, você disse que, falando do ponto de vista político, você é um secularista. E o ponto crucial da discussão parece ser a separação entre Estado e religião. Qual é exatamente a polêmica entre os intelectuais?

Resposta: Na verdade, não há polêmica. Talvez algumas pessoas queiram polemizar. É justamente por causa disso que levantei a questão do "secularismo político" contra o "secularismo filosófico", de modo que as coisas fiquem mais esclarecidas. Assim, as pessoas poderão entender em que sentido nós somos secularistas, e em que sentido nós não somos.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

O poeta e os anjos


O trecho abaixo é um fragmento do poema "Uivo" (Howl), de Allen Ginsberg (1926-1997), poeta da Geração Beat. Em meio a seus versos de teor subversivo e irreverente (a publicação do poema rendeu um processo judicial por obscenidade em 1957), há a referência a uma experiência transcendental vivida por outro poeta beat, Philip Lamantia, que teria visto "anjos maometanos" (Mohammedan angels) durante um transe.

No Corão, os anjos, ao lado dos homens e djinns, são os seres inteligentes da Criação. A crença neles -presente em toda tradição abraâmica- é tão relevante que o texto indica, dentre vários versículos, que "a verdadeira virtude é a de quem crê em Allah, no Dia do Juízo Final, nos anjos, no Livro e nos profetas (...)" (2:177).

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Os "exagerados"


Publicamos agora o verbete "Ghulat", da Wikipedia, vertido para o português por nós. Trata-se do termo utilizado para abarcar correntes e seitas do Islã, em particular no ramo xiita, que exorbitam, "extrapolam", em determinados quesitos doutrinários e teológicos, o que lhes valia a pecha de heresia. A maioria desses grupos perdeu-se ao longo dos séculos. Inauguramos com isso a categoria "Curiosidades" no blog, com assuntos de interesse meramente histórico, peculiares ou apenas pitorescos.

A imagem que ilustra o post, sem relação com o tema, é um detalhe de "Santo Estevão consagrado diácono" (1511-14?), pelo italiano Vittore Carpaccio (1450-1525). Neste link a tela pode ser vista na íntegra.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Um "louco" muito sábio


Escolhemos como primeiro post desde novo ano de 2017 -queira Allah que seja próspero- este curioso "causo", tendo como protagonista Wahab ibn Amr "Bahlul". Neste link há informações sobre sua vida, com algumas variantes em relação ao texto abaixo (por exemplo, Bahlul é apontado como ligado ao imam Khadim, e não a al-Sadiq). Independentemente do rigor histórico, é uma saborosa história. Vertemos o texto para o português a partir daqui, de onde também extraímos a imagem ilustrativa, cuja fonte infelizmente não logramos localizar.

Abu Hanifa e Bahlul

Bahlul significa "sábio" e "chefe". Assim se chamava um famoso companheiro do imam Jafar al-Sadiq, que viveu até os imamatos de Ali al-Hadi [an-Naqi] e Al-Askari. De forma pitoresca, também é conhecido comumente como Bahlul Majnun (Bahlul, "o Louco"), porque se fingia de louco para se livrar das responsabilidades do cargo de magistrado, como lhe tinha sido oferecido pelo califa Harun al-Rashid.

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