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sábado, 30 de setembro de 2017

Em lembrança de Hussein


Publiquei a sequência abaixo em meu perfil no Facebook, ao longo dos dez primeiros dias de Muharram do ano passado (2016 [1438 aH]), em lembrança do martírio de Hussein e seus companheiros em Karbala. Reproduzo agora, no Oceano da Paz, nos marcos da Ashura deste ano de 2017.

A imagem que ilustra o post é "Noite de Ashura" pelo iraniano Mahmoud Farshchian. A frase "Todo dia..." é de Ali Shariati.

***

"Todo dia é Ashura, toda terra é Karbala" (1).

Hussein ibn Ali ibn Abu Talib não poderia prestar juramento a um governo ilegítimo. O Califado, profundamente degenerado, se convertera em uma perversão do Islã original. O que é venerável não é o nome, o título ou o cargo, mas a obra. 3/10/16

"Todo dia é Ashura, toda terra é Karbala" (2).

Hussein: "Quem vir um governante tirano agindo com injustiça e opressão, e nada fazer para enfrentá-lo, seja em palavras ou ações, Deus o levará ao inferno". Não bastava negar apoio ao Califado degenerado, havia que combatê-lo. Era preciso organizar a oposição. O imam Hussein inicia seu levante. 4/10/16

"Todo dia é Ashura, toda terra é Karbala" (3).

O imam torna público seu desafio. Mobilizar o povo, de Meca a Kufa. Muitos se aproximam, outros tantos se afastam, promessas são feitas, promessas são quebradas. Como se juntar a Hussein, tendo contra si o Califado? É loucura. Sujeitar-se é mais cômodo. "Se o ganho fosse imediato e a viagem fácil, ter-te-iam seguido; porém, a viagem pareceu-lhes penosa" (Corão, 9:22). 5/10/16

"Todo dia é Ashura, toda terra é Karbala" (4).

Yazid, o califa déspota, não pode tolerar o levante de Hussein ibn Ali. Mobiliza seu formidável aparato -de homens armados a suborno, passando pela intriga e coação- para colocar fim à ousadia. Muitos desertam. O imam Hussein e seus apoiadores são interceptados pelas tropas do Califado. Diz o comandante (apud al-Khazraji) : "A nossa missão é impedir o vosso avanço. Fomos ordenados a pressioná-los, persegui-los e entregá-los aos governantes". O imam responde que a morte seria mais fácil. 6/10/16

"Todo dia é Ashura, toda terra é Karbala" (5).

O imam Hussein e seus apoiadores estão sitiados no deserto pelas forças do Califado. Um emissário é enviado com um ultimato: o juramento de fidelidade ou a morte. Hussein rejeita o ultimato. É a região de Karbala [atual Iraque]. "Aqui será o nosso derramamento de sangue", diz o imam. 7/10/16

"Todo dia é Ashura, toda terra é Karbala" (6).

O imam Hussein, sua família e apoiadores estão sitiados pelo exército do califa tirânico Yazid, na região desértica de Karbala. A água falta e as deserções aumentam. Seu filho Ali al-Akbar pergunta: "Pai, lutamos pelo que é certo?". O imam responde: "Juro por Deus que lutamos pelo que é certo". "Então viver ou morrer [na batalha] é indiferente, já que lutamos pelo que é certo". 8/10/16

"Todo dia é Ashura, toda terra é Karbala" (7).

O grupo do imam Hussein -principalmente as crianças- começa a sofrer com a falta de água em razão do sítio imposto pelas tropas do Califado. Abbas ibn Ali, irmão e portador do estandarte de Hussein, é enviado para romper o cerco e trazer água. Está prestes a beber quando interrompe o ato: sua consciência não permite que sacie sua sede enquanto as crianças aguardavam sedentas no acampamento. Mas às margens do Eufrates é emboscado pelo inimigo sem realizar sua missão, e morre nos braços do imam. 9/10/16

"Todo dia é Ashura, toda terra é Karbala" (8).

O imam Hussein, sua família e apoiadores estão sitiados no deserto pelo Califado. Não há água. O pequeno Ali al-Asghar, filho de Hussein, de apenas 6 meses de idade, sente os efeitos da sede. O imam vai até o inimigo e implora água para o menino. É retribuído com uma flecha que vitima a criança, tornando-lhe o mártir mais jovem de Karbala.

Que a paz esteja com Ali al-Asghar ibn Hussein e com todas as vítimas inocentes das guerras dos homens. 10/10/16

"Todo dia é Ashura, toda terra é Karbala" (9).

Ali al-Akbar é martirizado em combate, aos 27 anos, e dá o último suspiro nos braços do imam Hussein, seu pai. O solo de Karbala vai se encharcando com o sangue dos Ahlul Bayt [o Povo da Casa], a progênie de Muhammad. Mas é preferível a morte à submissão ao Califado tirânico. 11/10/16

"Todo dia é Ashura, toda terra é Karbala" (10) - Conclusão.

O 10 de Muharram, no calendário islâmico, é o Dia de Ashura. Nesta data se consumou a batalha de Karbala, tendo o imam Hussein, familiares e apoiadores sido esmagados pelas tropas do califa tirano Yazid. Seus corpos foram vilipendiados e abandonados no deserto, e suas cabeças decepadas e levadas na ponta de lanças a Yazid- uma barbárie que mostra o grau de degeneração do Califado.

Mas o levante do imam Hussein não foi em vão. Seu exemplo mobilizou o povo e apressou, mais à frente, a queda dos califas omíadas. A linhagem profética prosseguiu na figura de seu filho sobrevivente, Ali "Zayn al-Abidin" al-Sajjad. E, sobretudo, o combate à opressão e à injustiça ficou insculpido nos corações como mandado divino. Jamais se sujeitar aos déspostas- essa é a lição de Hussein.

A paz seja com Hussein ibn Ali ibn Abu Talib e queira Deus apressar o retorno de Muhammad ibn Hassan al-Mahdi, o Esperado, o Imam do Nosso Tempo. 12/ 10/16

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