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sábado, 25 de junho de 2016

A liberdade fortalece a fé


A matéria abaixo traz opiniões do clérigo xiita iraquiano Ahmad al-Qabbanji, conhecido por sua visão liberal. A base da religião, conforme o clérigo -e opinião com a qual concordamos- é a fé em Deus e o amor aos demais, estando todo o resto em segundo lugar. Al-Qabbanji chegou a ser detidos pelas autoridade iranianas (fonte aqui), e posteriormente banido, em razão de suas posições progressistas.

A liberdade torna a fé mais forte, afirma clérigo

Abu Dhaib [capital dos Emirados Árabes Unidos]- Buscar a criação de Estados islâmicos fundamentalistas é uma postura equivocada, explicou um filósofo e clérigo muçulmano, na medida em que a fé não pode existir sem liberdade, e tal tipo de Estado tende a impor crenças e práticas.

Em uma palestra que contou com a presença do sheikh Mohammad ibn Zayed al-Nahyan, príncipe e comandante das forças armadas do Emirado, o clérigo Sayed Ahmad Hassan al-Qabbanji afirmou que uma das falhas do pensamento fundamentalista islâmico é sua negligência para com as escolhas e a liberdade humana.

Al-Qabbanji, que é secretário-geral do Movimento do Islã Liberal no Iraque, reiterou que forçar indivíduos a agir de uma maneira que contradiga suas escolhas pessoais produz uma sociedade hipócrita.

"Forçar nas pessoas práticas como o hijab [véu], o jejum e a oração é contraprodutivo. Essas mulheres, tão logo saiam do país, removerão seus véus, porque não o usavam por convicção", ele disse.

"Essa é uma das falhas dos Estados islâmicos fundamentalistas. Eles fracassaram em fazer a fé crescer no povo. A fé não pode existir sem liberdade", ele acrescentou.

Caminho diferente

Al-Qabbanji, ao contrário, convoca as pessoas a seguir o "verdadeiro" Islã, que ele nomeia como "Asil" (significando "verdadeiro" ou "correto" em árabe).

Ele define esse tipo de Islã como um retorno aos seus verdadeiros valores e significados.

"No Islã fundamentalista, o Sagrado Corão e a Sunna (as práticas e ditos do Profeta SAWS) são a base da fé. Tudo está nessas fontes, e não há necessidade de nenhum outro conhecimento exterior", ele disse.

"O verdadeiro Islã, ou Asil, significa que a fé em Deus e o amor ao próximo são a base, e só então vem o Corão e a Sunna", acrescentou.

O ser humano deve sempre se esforçar para encontrar aquilo que é real e verdadeiro. Todas as pessoas têm a responsabilidade de almejar aprender e descobrir mais, através da leitura e do contato com as mais diversas ideias e disciplinas, al-Qabbanji explicou. "Para um muçulmano 'asil', o cérebro é uma ferramenta para descobrir a verdade. Você pode buscar verdades em outras religiões, e ler trabalhos de outros povos e culturas. Já para um fundamentalista, o cérebro é um 'depósito' de conhecimento. É um lugar para armazenar aquilo que seus pais consideravam verdade", prosseguiu.

Sayed Ahmad al-Qabbanji é um árduo defensor de ideias liberais e do Islã contemporâneo. Nascido em 1958 em Najaf, no Iraque, já escreveu diversos trabalhos sobre variados temas religiosos e tem traduzido obras sobre modernização da religião.

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