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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

A busca segue incompleta


Publicamos abaixo nossa versão para um poema de Hamza Shinwari (1907-1994), poeta paquistanês da etnia Pashto [Pachto, Pashtun]. Na fonte indicada ao final há o poema no original e em inglês. O tema, conforme interpretamos, é a busca constante através do tempo; uma jornada repleta de dificuldades e riscos, mas o paraíso (jannah) está no horizonte.

Aproveitamos o ensejo para fazer uma observação. Os poemas que temos publicado aqui no Oceano da Paz são, em regra, versões de versões, ou seja, trazemos os versos para o português a partir das traduções em inglês ou espanhol do original (seja árabe, urdu etc.). Nesse processo, trabalhamos estilisticamente as palavras, suprimimos ou sintetizamos outras, adaptamos ou modernizamos algumas expressões. Tentamos preservar o espírito daquilo que entendemos como tendo sido a intenção do poeta, mas não podemos garantir o rigor. Portanto, tenha o leitor em mente que o poema abaixo -assim como os demais, como dito- são mais poemas reconstruídos do que meramente traduzidos. Diz o bordão, "Traduttore, traditore" ("Tradutor, traidor"). Se nenhuma tradução é exata, que dirá a tradução da tradução- ainda mais em termos de poesia.

A busca segue incompleta

Hamza Shinwari

Quando terra e água se misturaram
veio o homem
e vieram
o amor
     a maldição
          e a tormenta.

Em cabelos desgrenhados
na última noite a vi
em sonhos;

Que ela esteja bem, peço a Deus
tão preocupado estava
o mensageiro.

Tempo de saber que a juventude
é coisa útil.
Com seus anseios,
retornou a beleza do passado
mas então deixei de lado
a cobiça
pelo rosto
refletido no espelho.

Em espanto ela se foi
em espanto ela veio.

Com os amigos da ocasião eu irei
e também com os homens do deserto.

A vida passa rápido
mas a busca segue
incompleta.

E em minha história incompleta,
sigo.

Ó medo! Porque nos deu sua benção
sem medo prosseguimos.

Vem, cruel amigo,
que o fim se aproxima.
Com suas falsas desculpas
eu prossigo.

Meu caminho está sob o sol nascente,
-e não
     sob o poente.

Com meu espírito de jovem criarei o mundo.

Quando enfrentei as trevas da separação
a felicidade
ingressou no meu lar.

Estarei sempre com os ousados.

Pois sou um Pashto,
e com os Pashto seguirei.

Não ao inferno, ó inimigos!
ao paraíso
com os Pashto
irei.

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