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sexta-feira, 29 de julho de 2016

Através da eternidade


Segue abaixo versão nossa para poema de Rumi, retirado do Divan de Shams. O poema pode ser encontrado aqui em inglês e aqui em espanhol, em versão estendida. O giro sufi que ilustra o post é "Whirling Dervishes", pela artista polonesa Jolanta Shiloni, e foi extraído aqui.

Através da eternidade

Jalal ad-Din Rumi

Através da eternidade,
em meio ao nada,
o rosto dele
a beleza desvela:
com um espelho diante de si
contempla-se embevecido.

Ele conhece e é conhecido
o observador e o observado:

exceto o seu
     nenhum olho
          vasculhou este universo.

Todas suas qualidades
encontram uma expressão
e nos verdes campos
do tempo e do espaço
a eternidade se revolve.

É o amor
o jardim que dá vida
a este mundo.
Galhos, folhas e frutos
revelam aspectos de sua perfeição:
de majestade falam os ciprestes
de beleza, falam as rosas.

Para onde quer que a beleza olhe,
o amor lá estará:
- e se acende à visão
das faces rosadas da beleza.

Quando a beleza penetra
na escuridão dos vales noturnos
o amor lá estará:
- e libertará
corações enredados.

Beleza e amor
são
     corpo
          e
               alma.

A beleza
é a
     mina
o amor
é o
     diamante.

Lado a lado caminham juntos
desde o começo dos tempos.

Abandona tuas preocupações
e teu coração estará limpo.

Limpo como a superfície
de um espelho sem reflexo.

Se queres um espelho claro
contempla
     tua verdade
          refletida.

Se o metal pode ser polido
para se fazer
espelho
que polimento
para se fazer
espelho
requer o coração?

A única diferença,
entre espelho e coração:

- o coração
oculta
segredos

o espelho
não.

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