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sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Hussein, ou o martírio como ato de amor


Reproduzimos abaixo um pequeno trecho da obra Reason, Faith and Revolution, do militante e intelectual marxista inglês Terry Eagleton. Fala sobre o ato de martírio e o quão se difere da morte banal e destrutiva dos terroristas. Após o texto, há um vídeo do clérigo iraquiano radicado no Canadá, Usama al-Atar, performando Every day is Ashura, every land is Karbala. A imagem que ilustra o post é Sacrifice Karbala, e foi extraída aqui.

É o nosso tributo a Hussein ibn Ali ibn Abu Talib, a paz seja com ele e com toda a Casa Profética, na Ashura deste ano de 1438 a.H.

A forma mais radical de abnegação não é abrir mão de cigarros ou bebidas, por exemplo, mas sim de seu próprio corpo- um ato que é tradicionalmente conhecido como martírio. O mártir entrega sua coisa mais valiosa, mas preferiria não ter de fazê-lo; o suicida, ao contrário, está feliz por se livrar de uma vida que para ele é um fardo insuportável. Se Jesus quisesse morrer, ele seria apenas mais um suicida, e sua morte seria tão inútil e fútil quanto a de um homem-bomba. Os mártires, diferentemente dos suicidas, são aqueles que aceitam a morte em benefício do próximo. Ao morrer, estão realizando um ato de amor. Suas mortes dão frutos na vida dos demais. E isso é assim não apenas para aqueles que morrem para que outros possam viver (como por exemplo ir para as câmaras de gás nazistas no lugar de outra pessoa), mas também para aqueles que morrem na defesa de um princípio benéfico para outras pessoas. A palavra "mártir" significa "testemunha"; e o que essa pessoa, o mártir, testemunha, é um princípio sem o qual a vida não teria valor. Nesse sentido, a morte do mártir testemunha o valor da vida, e não a sua falta de importância. Esse não é o caso dos homens-bomba suicidas.

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